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Coisas que precisamos começar a pensar

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Desde outubro de 2019, temos mais idosos (pessoas com mais de 60 anos) do que crianças com menos de 12 anos no Estado do Rio Grande do Sul. É importante saber que a média de vida cresce não apenas com os avanços da medicina e das tecnologias que melhoram a qualidade de vida, mas também com o desenvolvimento das políticas públicas no Brasil, principalmente quando nos referimos à população de idosos.

Outro ponto importante a ser considerado é que uma, somente uma única pessoa, em cada 10 tem morte súbita. Sim, apenas uma pessoa em cada 10 tem morte súbita; as demais envelhecem e/ou adoecem. Logo, nove pessoas em cada 10 vão envelhecer, vão adoecer, vão precisar de cuidados de ajuda, vão sofrer limitações, ou são jovens que devido a doenças ou escolhas da vida também vão precisar de cuidados.

Frente a esse cenário certo - pois a morte é algo sobre qual falamos pouco, mas certa a todos -, precisamos rever nossas políticas públicas. Precisamos avaliá-las sem paixões ideológicas, sem antigos jargões, sem conceitos pré-estabelecidos (pré-conceitos), sem discriminação, e pensando no bem comum, reconhecendo os mais vulneráveis e a necessidade de amparo para todos. Sim, para todos, mas o Estado em lugar nenhum do mundo tem condições para isso.

Por isso, a sociedade precisa se organizar, assim como as comunidades e, acima de tudo, as famílias precisam estar cientes de suas responsabilidades legais e morais. Ao Estado, cabem os realmente mais vulneráveis, aqueles que não têm ninguém, sem vínculos e com histórias contínuas de perdas dos mais diversos tipos.

Apenas esses, os extremamente vulneráveis, cabem ao Estado (entende-se "Estado" como todos os entes federados, em especial as prefeituras). Os demais idosos e pessoas que precisam de cuidados cabem às famílias, às comunidades e a si mesmos.

Precisamos nos planejar, investir, guardar, prever e organizar a nossa velhice. E talvez uma forma interessante de cuidar da velhice é retardá-la: buscando meios de mantermos nossa saúde física, mental e espiritual. Esta pandemia, espero, está servindo para esse processo de construção de mudança.

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